sábado, 26 de abril de 2014

Dioagnose das principais doenças que causam danos a cultura do pimentão

Na cultura do pimentão as doenças causadas por fungos, bactérias e vírus são fatores limitantes na produção, aumentando os custos e dificultando a expansão dessa cultura no Brasil.

Principais Doenças do Pimentão, Causadas por Fungos:


Murcha-de-Fitófitora – Phytophthora capsici

É uma das principais doenças do pimentão no Brasil, podendo causar grandes prejuízos para o produtor. Ela é favorecida no verão por clima quente, principalmente quando o solo se encontra muito úmido. Os sintomas mais típicos da doença são a murcha repentina e necrose de cor marrom-escura no colo, seguida de morte da planta. Os sintomas também aparecem nas folhas, caule, ramos e frutos, onde são observadas lesões “encharcadas”, necrose e apodrecimento.A doença ocorre em reboleiras, sendo a disseminação planta a planta feita pela água da chuva ou de irrigação. Em condições de alta umidade, o patógeno pode afetar os frutos, causando podridão dos mesmos, com formação de um mofo branco em sua superfície, correspondentes ao micélio e esporos do fungo. Pode permanecer no solo por até 3-5 anos.


Controle 

• Plantio em solos não contaminados (ou submetidos à solarização); 
• Uso de mudas sadias; 
• Plantio em solos bem drenados; 
• Manejo adequado da irrigação;

Oídio – Oidiopsis taurica

Tem sido uma das principais doenças e do pimentão em cultivo protegido, mas que também pode ocorrer e causar prejuízos no campo, principalmente na época seca do ano. O sintoma é inicialmente observado na face superior das folhas e consiste de manchas cloróticas. Na face inferior correspondente, observa-se o desenvolvimento de um micélio pulverulento branco, pouco denso. Em condições favoráveis à doença, ocorre desfolha acentuada das plantas, a partir das folhas mais velhas, com conseqüente redução na produtividade. 











Controle
  • Evitar plantar nas proximidades de plantas velhas de pimentão ou tomate;
  • Adubar corretamente as plantas, de acordo com análise do solo;
  • Destruir os restos culturais logo após a última colheita;
  • A medida mais eficiente de controle tem sido o emprego de fungicidas aplicados preventivamente ou após o aparecimento dos primeiros sintomas. Neste caso, deve-se utilizar apenas fungicidas registrados no Ministério da Agricultura para cada cultura.
   Antracnose – Colletotrichum spp.

      É uma doença muito importante no Brasil, pois causa danos diretos nos frutos, inviabilizando sua comercialização.  Os sintomas da doença iniciam-se com pequenas áreas arredondadas e deprimidas. Com o passar do tempo a lesão cresce e seu tamanho final vai depender do tamanho do fruto. Sob alta umidade a lesão apresenta-se coberta por uma massa cor de rosa, formada por esporos e mucilagem produzidos pelo fungo. A doença é mais problemática em cultivos de verão, quando ocorrem temperatura e umidade altas. A disseminação do patógeno dentro da cultura ocorre através de respingos de água de chuva ou de irrigação. Á longa distância, a disseminação se dá através das sementes.






 












Controle

• Dar preferência a plantios em épocas secas, menos favorável à doença ou 
em estufas; 
• Nas épocas de calor e chuva, favoráveis à doença, fazer plantio menos 
adensado, para permitir melhor aeração entre as plantas; 
• Destruir os restos culturais, imediatamente após a última colheita; 
• Fazer rotação de culturas com espécies não solanáceas; 
• Fazer pulverizações preventivas na cultura, desde o início da frutificação 
com fungicidas registrados; 
• Os frutos devem ser expostos par comercialização em locais bem 
ventilados. 

Principais Doenças da Pimenteira, Causadas por Bactérias

Podridão-mole, talo-oco e canela-preta – Pectobacterium spp. (Erwinia 
spp.), Dickeya chrysanthemi (Erwinia chrysanthemi)

Doença favorecida por condições de umidade e temperatura elevadas. 
São bactérias habitantes do solo que produzem enzimas que destroem os tecidos das plantas e podem sobreviver em solos encharcados. Não apresentam muita especificidade a hospedeiras.  

A entrada da bactéria ocorre através de ferimentos que podem ocorrer na haste das plantas (quebra de galhos nos pontos de bifurcação) ou nos frutos (insetos, partículas de solo associadas a ventos fortes). Na haste, podem ocorrer dois tipos de sintomas denominados canela-preta e talo-oco. No primeiro observa-se um escurecimento externo e no segundo, uma deterioração da medula, criando um espaço vazio. Neste caso, a planta pode apresentar aspecto de murcha. 

Nos frutos ocorre apodrecimento úmido e mole (podridão-mole). Deficiência de cálcio, causando a podridão apical, pode também propiciar uma “porta de entrada” às bactérias apodrecedoras. 





Controle 

• Escolher a área de plantio, que não deve ter histórico da doença; 
• Evitar a contaminação do solo através de pessoal e máquinas que transitam por áreas contaminadas; 
• Plantar em solos com boa drenagem, não sujeitos a encharcamento; 
• Plantar nas épocas menos quentes do ano; 
• Não irrigar em excesso; 
• Evitar ferimentos de maneira geral; 
• Controlar insetos que podem causar danos aos frutos; 
• Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão, porque mantém a temperatura e a umidade do solo excessivamente elevadas. 

Observação: O controle químico não é economicamente viável. 

Mancha-bacteriana – Xanthomonas campestris pv. vesicatoria 

É uma doenças da parte aérea favorecida no verão por condições de umidade e temperatura elevadas. Sementes contaminadas consiste na principal fonte de inóculo inicial para a ocorrência da doença, mas a disseminação dentro de uma lavoura é rápida e destrutiva nas épocas chuvosas ou em áreas irrigadas por aspersão. Plantas afetadas apresentam manchas foliares de aspecto encharcado, coloração marrom, de formado e tamanho pouco definidos. Áreas cloróticas podem se desenvolver inicialmente ao redor das manchas. Na medida que a doença progride ocorre desfolha intensa o que pode expor os frutos à queima pelo sol. Nos frutos as manchas são menores, iniciando-se como pequenos pontos de tonalidade verde-claro, que tornam-se marrom-claro, podendo ser ligeiramente deprimidos.









Controle

• Uso de sementes e mudas sadias. Se a produção de sementes for própria, deve-se tomar o cuidado de não extrair sementes de frutos e plantas com sintomas da mancha-bacteriana. Um tratamento térmico, por exemplo, com água a 52º C por 30 min, pode ser realizado em caso de suspeita de contaminação. 
• Evitar irrigação excessiva; 
• Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão ou associado a irrigação por aspersão. 

Observação: Após a divulgação da extensão de uso de produtos para o controle da mancha-bacteriana, atualmente realizada com a pulverização de produtos à base de cobre  e certos antibióticos agrícolas na cultura de pimentão, esses princípios ativos poderão ser utilizados como ferramentas de controle. 

Murcha-bacteriana- Ralstonia solanacearum

Causa perdas em pimentão somente quando a temperatura e a umidade são muito altas, situação que é freqüente em regiões Norte e Nordeste do Brasil e ainda em alguns pólos de produção de terras baixas na Região Sudeste. Plantas afetadas podem não murchar, e apresentar apenas uma redução em crescimento. Quando murcham, os sintomas aparecem inicialmente nas horas mais quentes do dia. As folhas novas murcham primeiro, às vezes de um só lado da planta. O tecido exposto pelo descascamento da base do caule de planta murcha fica amarronzado. Na maioria das vezes, a doença só é percebida a partir do início da frutificação

















Controle 

• Escolher a área de plantio, que não deve ter histórico da doença em 
solanáceas ou em outras hospedeiras de R. solanacearum; 
• Evitar a contaminação do solo através de pessoal e máquinas que transitam 
por áreas contaminadas; 
• Plantar em solos com boa drenagem, não sujeitos a encharcamento; 
• Plantar nas épocas menos quentes do ano; 
• Não irrigar em excesso; 
• Evitar ferimentos nas raízes e na base da planta; 
• Arrancar, colocar em saco de plástico e retirar do campo as plantas com 
sintomas iniciais de murcha, espalhando aproximadamente 100 gramas de cal 
virgem na superfície da cova vazia; 
• Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão, porque 
mantém a temperatura e a umidade do solo excessivamente elevadas.

 Principais Doenças da Pimenteira, Causadas por Vírus 

Mosaico do pimentão - Potato virus Y (PVY) e Pepper yellow mosaic virus (PepYMV) 

No passado, o Potato virus Y (PVY) ocorria amplamente na cultura do pimentão. Nós últimos anos esse quadro mudou drasticamente com a sua substituição na cultura do pimentão pelo Pepper yellow mosaic virus (PepYMV). Este vírus hoje é o principal problema na cultura do pimentão e tem a sua ocorrência em todas as regiões produtoras de pimentão do Brasil. Os sintomas nas folhas são mosaico, amarelecimento, distorção foliar e nos frutos redução de tamanho. A planta se infectada no início do ciclo tem o seu crescimento paralisado. O círculo de hospedeiros desse vírus é restrito a espécies da família Solanaceae. Os sintomas causados por PepYMV e PVY são praticamente indistinguíveis

Os sintomas em plantas suscetíveis infectadas com PepYMV são mosaico amarelo, mosqueado e deformação de folhas, muito semelhantes aqueles causados por PVY. Plantas afetadas pela doença apresentam diminuição da produtividade. 
Plantas afetadas pelo PVY exibem mosaico, mosqueado, clareamento de nervuras e faixas de coloração verde-escuro associadas às nervuras principais, sintoma denominado como faixa verde das nervuras. Plantas doentes podem exibir enrugamento e distorção foliar, além de redução no desenvolvimento da planta, outros sintomas incluem necrose de nervuras e necrose do topo da planta, podendo resultar em morte da planta.

Controle
  • Plantar sementes de variedades resistentes, quando disponíveis; 
  • Produzir mudas em locais protegidos com telas antiafídeos; 
  • Eliminar plantas hospedeiras alternativas que podem ser fonte de vírus e/ou do vetor, dentro e nas proximidades da lavoura;
  • Evitar o estabelecimento de lavouras novas próximo a plantios mais velhos e infectados com esses vírus;
  • Plantar em épocas do ano com baixas populações do vetor;
  • Eliminar restos de cultura, imediatamente, logo após a colheita, eliminando, dessa forma, fontes do vírus e do vetor.
  • O controle químico dos vetores, visando evitar ou reduzir a disseminação do vírus na área de plantio não é eficiente no caso dos pulgões, devido à alta eficiência de transmissão do vírus pelo vetor. Isto ocorre, por que os pulgões transmitem o vírus em poucos segundos e, neste caso, a infecção da planta ocorre antes da ação do inseticida sobre o inseto.
Vira-cabeça do pimentão - Groundnut ringspot virus (GRSV)

O vira-cabeça é uma das principais doenças do pimentão no Brasil, ocorrendo frequentemente em áreas cultivadas das diversas regiões brasileiras. Os maiores prejuízos são detectados quando ocorrem altas temperaturas e baixa umidade relativa, condições que favorecem a multiplicação do tripes que é vetor responsável pela disseminação do vírus em campo. Os sintomas observados em plantas doentes são: arroxeamento ou bronzeamento das folhas, ponteiro virado para baixo, redução geral do porte da planta e lesões necróticas nas hastes. Quando maduros, os frutos apresentam lesões anelares concêntricas. Não existem evidências de transmissão por sementes.













Controle
  • Plantar cultivares resistentes;
  • Estabelecer plantios em períodos em que a população do vetor seja baixa;
  • Situar os plantios de pimenteira distantes de áreas cultivadas com espécies de plantas que sejam hospedeiras do vírus e/ou que possam também abrigar o vetor;
  • Evitar estabelecer lavouras novas próximo a plantios mais velhos;
  • Eliminar plantas hospedeiras alternativas do vírus e/ou do vetor dentro e nas proximidades da área cultivada;
  • Realizar aplicação de inseticidas nas plantas na sementeira e após o transplantio das mudas para o campo.

Fonte:

The American Phytopathological Society (http://www.apsnet.org/Pages/default.aspx)
Embrapa (www.cnph.embrapa.br/)
Emater (www.emater.go.gov.br/intra/wp-content/uploads/downloads/2011/07/Manejo-de-Doenças)

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