quinta-feira, 17 de abril de 2014

Principais insetos e ácaros que causam dano à cultura do pimentão

Os artrópodes associados à cultura da pimentão podem causar danos indiretos, como os pulgões e tripes, vetores de viroses, e danos diretos, como besouros, lagartas, minadores de folhas, percevejos, cochonilhas e ácaros.


Vetores de viroses


As principais espécies de vetores de viroses associadas com a cultura do pimentão são os pulgões Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae e os tripes Thrips tabaci Frankliniella shulzei. Ainda que os danos diretos causados por estas espécies sejam de pouca importância, os danos indiretos causados através da inoculação de viroses têm importância econômica. Os pulgões, principalmente da espécie Myzus persicae, transmitem o vírus do mosaico do pimentão, enquanto que o vírus do vira-cabeça é transmitido pelas duas espécies de tripes.

Afídeos

Myzus persicae (pulgão verde)  












O pulgão verde M. persicae apresenta geralmente cor verde-clara quase transparente, havendo formas roxas ou amareladas. O abdômen e tórax têm aproximadamente a mesma largura até a base dos cornículos, que são ligeiramente mais largos na sua metade apical, enquanto a cauda é pequena.



 Macrosiphum euphorbiae (pulgão-das-solanáceas)



O pulgão M. euphorbiae é o maior dos afídeos que infestam solanáceas. Apresenta cor verde-escura, embora haja referências a formas rosadas ou amarelas com manchas escuras no dorso. O corpo é alongado e as pernas e antenas são compridas. Os cornículos são cilíndricos e de comprimento aproximadamente igual a um terço do tamanho do corpo. A cauda é de tamanho igual a um terço do comprimento dos cornículos.

Controle

· Não se recomenda a utilização de inseticidas para o controle dos vetores do vírus do mosaico do pimentão, por ser absolutamente ineficiente para prevenir a disseminação da moléstia, uma vez que os pulgões transmitem o vírus com uma simples picada de prova;
· Preparar as mudas em viveiros protegidos por telas contra pulgões é a melhor garantia de redução de perdas na produção causadas por viroses.

Tripes 


 Thrips tabaci, Thrips palmi e Frankliniella shulzei

A olho nu não é possível identificar com 100% de certeza uma tripes como sendo Thrips tabaci, dada a elevada semelhança entre esta espécie e diversas outras, entre as quais a Frankliniella occidentalis. Nestes caso é preferível recorrer ao microscópio.
Nestas espécies, as formas ápteras têm corpo alongado medindo aproximadamente 1 a 2 mm de comprimento e mostram coloração branco-hialino ou amarelo-claro. Os insetos podem ser encontrados na face inferior das folhas, brotações, primórdios florais e flores. 
Quando o ataque é severo causam lesões superficiais e deformações nos frutosEstes danos porémsão muitomenores do que aqueles produzidos indiretamente atravésda transmissão  do vírus do vira-cabeça do tomateiro.

















Controle



· Produzir mudas em viveiros construídos em local afastado dos campos de produção e protegido por telas que evitem a entrada dos tripes;
· Erradicar plantas hospedeiras nativas, solanáceas silvestres e solanáceas cultivadas voluntárias; · Evitar plantios novos em área adjacente a plantios mais antigos; · Incorporar ou queimar restos culturais;· Se registrado o produto, recomenda-se o uso de inseticida de solo somente na fase de sementeira, além de pulverizações periódicas com produtos de ação sistêmica ou de contato, na sementeira e na fase inicial da cultura;· Intensificar as pulverizações durante os períodos imediatamente anterior e posterior ao transplante, quando as plantas são mais susceptíveis ao vírus.

Besouros (Coleopteras)


Vaquinha - Diabrotica speciosa


Os adultos têm 5-7 mm de comprimento, corpo ovalado e coloração geral verde brilhante, mostrando três manchas amarelo-alaranjadas em cada élitro. As fêmeas fazem a postura no solo, próximo ao caule das plantas. As larvas são brancas e possuem no dorso do último segmento abdominal uma placa quitinosa de cor marrom ou preta. Os danos causados pelas larvas às raízes de pimentão são em geral pouco importantes. Os adultos, contudo, podem produzir injúrias sérias quando se alimentam das folhas, principalmente em plantas nas sementeiras ou recém-transplantadas para o campo.

Controle


Controle biológico de Diabrotica speciosa  com nematóides entomopatogênicos (Nematoda: steinernematidae e heterorhabditidae). Utilização de fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Controle químico.

Burrinho - Epicauta suturalis


Os adultos são besouros polífagos, negros, revestidos de densa pilosidade cinza na cabeça, élitros e patas, medindo 8-17 mm de comprimento. As fêmeas ovipositam geralmente no solo, podendo alcançar 400-500 ovos durante sua existência. Os ovos eclodem após 10 dias, e deles originam-se larvas que são ativas, fortes e predadoras de outros insetos. O adulto é a única fase desta espécie que é prejudicial às plantas, porque se alimenta das folhas, ramos tenros e brotações do pimentão e outras solanáceas.




Controle


· Práticas culturais como rotação de culturas, aração e gradagem do solo, pousio e queima dos restos culturais reduzem populações de burrinhos e vaquinhas;
· Inseticidas com ação de contato e ingestão são em geral eficientes para controlar estes insetos.

Lagartas(lepidoptera)

Lagarta Rosca - Agrotis ipsilon

Lagarta marrom acinzentada  com até 45 mm de comprimento e se enrola quando tocada. O adulto é uma mariposa de 35 mm de envergadura, asas anteriores marrons com manchas triangulares negras e asas posteriores brancas.Cortam as plântulas em início de desenvolvimento, acarretando falhas na cultura (causador de mortalidade de plantas).

controle

Revolvimento do solo, cultivo consorciado com Capim Kikuyo,  controle biológico natural por através dos inimigos naturais: Tachinidae (dípteros predadores), Braconidae ("vespinha"), Vespidae (vespas predadoras), Carabidae e Staphilinidae (coleopteros) e controle químico.

Brocas do ponteiro e dos frutos  - Tuta absoluta e Gnorimoschema barsaniella.

São insetos de ampla distribuição no Brasil e têm importância econômica em algumas áreas localizadas, onde foram constatadas perdas de até 66% dos frutos. As mariposas são muito pequenas, de cor cinza-escura e cabeça marrom-clara, cujo comprimento pode alcançar até 6 mm. A postura é feita no interior dos botões florais ou extremidade das brotações e ponteiro, isoladamente ou em grupos de dois e três ovos. As larvas alimentam-se do interior das hastes ou ponteiro, perfurando galerias, e também das flores e frutos, onde se alimentam das sementes. Há registro de que uma só larva pode danificar vários frutos, antes de iniciar a fase de pupa no solo. Os orifícios da saída das larvas servem como via de entrada para moscas diversas, as quais ovipositam no interior dos frutos, e cujas larvas favorecem o apodrecimento deles. Geralmente os frutos atacados pela praga desprendem-se das plantas, tão logo é iniciada a maturação e, em certos casos, há formação de uma camada bastante espessa de frutos caídos sob a copa das plantas. Os frutos danificados que conseguem manter-se na planta, mesmo maduros, ou aqueles que são colhidos enquanto colonizados pelas larvas ou moscas, concorrem para a deterioração de partidas inteiras de frutos colhidos e embalados, causando grandes prejuízos.

Os sintomas podem ser observados nas folhas, caules e frutos.
Nas folhas, numa fase inicial, os sintomas podem ser confundidos com os da Liriomysa spp (larva mineira), mas posteriormente a galeria aumenta de dimensão, alargando e dando-se a subsequente desidratação dos tecidos e um encarquilhamento característico.


Controle

Destruir os frutos encontrados sob as plantas para se evitar novas infestações;
A aplicação de inseticidas realizadas ao entardecer proporciona eficiente controle destas espécies, podendo reduzir os danos em até 80%;
Não utilizar inseticidas granulados sistêmicos no solo por ocasião do transplante visando o controle deste inseto (esta prática não apresenta bons resultados).
Realizar rotações culturais e no caso de sucessões, o tempo que deve medear entre as culturas séra de pelo menos 6 semanas.Recorrer ao uso da captura em massa utilizando armadilhas de água com feromona e detergente. As armadilhas deverão ser colocadas a 40 cm do solo e à razão de 20 a 40 armadilhas por hectare.Controle biológico com o Bacillus thuringiensis conjugando as subespécies kurstaki e aizawai tem revelado uma eficácia em todos os instares da larva, mas na fase larvar precoce a eficácia é ligeiramente superior.



Minadores de folhas 

Liriomyza huidobrensis, Liriomyza sativae Liriomyza spp. 

São pragas em condições naturais ou onde hortaliças não são continuamente pulverizadas com pesticidas devido à ação eficiente de diversos parasitas e predadores. Estas espécies causam danos econômicos quando inseticidas são utilizados exageradamente, ocasionando assim a eliminação de seus inimigos naturais, as vespinhas e formigas. Os adultos são moscas muito pequenas e apresentam coloração geral amarelo-brilhante e parte do tórax de cor preta lustrosa. As fêmeas utilizam o ovipositor para auxiliar a alimentação e postura. A inserção do ovipositor no limbo foliar inicialmente libera o exsudato da planta do qual a fêmea se alimenta. Favorece também a postura e a proteção dos ovos de condições climáticas adversas e de inimigos naturais. Durante seu ciclo de vida as fêmeas colocam 300-700 ovos, viáveis na sua maioria.

As larvas completam seu ciclo entre 9-12 dias após a postura e, durante este período, escavam galerias no parênquima foliar, que causam a morte das folhas, reduzindo a capacidade da planta em proceder à fotossíntese. Larvas no terceiro instar e pupas medem até 3 mm de comprimento e são de cor amarela.


























Controle

· Práticas culturais como o uso de ‘mulching’ e cobertura morta tendem a favorecer a ação de insetos como formigas, tesourinhas e besouros, que são eficientes predadores de pupas do minador de folhas;· Deve-se evitar a aplicação indiscriminada de inseticidas, principalmente aqueles de largo espectro, pois estes produtos eliminam os inimigos naturais do minador-de-folhas.


Mosca branca - Bemisia sp.

Suga seiva podendo debilitar a planta, pode injetar toxinas ou vírus podendo comprometer a qualidade de frutos e causar problemas em folhas.Períodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da praga, sendo, por isso, observados maiores picos populacionais na estação seca. O adulto da mosca-branca apresenta elevada mobilidade, sendo capaz de dispersar-se para longas distâncias através do voo.

Controle

-As principais medidas preventivas para o controle ou convivência com a mosca-branca são: a) fazer plantios isolados; b) eliminar Fotos de inóculo como maxixe, abóbora ou ervas daninhas hospedeiras da praga que estejam ao redor da área a ser plantada; c) iniciar o preparo do solo, mantendo a área limpa, pelo menos 30 dias antes do plantio; d) rotação de culturas com plantas não hospedeiras; e) após o plantio, manter a área isenta de plantas hospedeiras da praga, no interior e ao redor da cultura; f) não permitir cultivos abandonados nas proximidades da área cultivada; g) eliminar os restos culturais imediatamente após a colheita.
-Controle biológico: Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca-branca. No grupo de predadores, foram identificadas dezesseis espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Entre os parasitóides, identificaram-se 37 espécies de micro-himenópteros. Os parasitóides dos gêneros EncarsiaEretmocerus e Amitus são os mais comumente encontrados. No grupo de entomopatógenos, várias espécies são citadas, como:Verticillium lecaniiAschersonia aleyrodisPaecilomyces fumosoroseus e Beauveria bassiana
-Como medida curativa, pode-se adotar o controle químico, porém considerando-se o uso das substâncias químicas dentro de um programa de manejo integrado de pragas (MIP), pois, o uso exclusivo, não criterioso e contínuo de inseticidas não é a solução permanente para o controle da mosca-branca

Mosca-do-mediterrâneo - Ceratitis capitata

Em geral está associada à cultura do pimentão a partir do início da frutificação. Os ovos são colocados diretamente sobre os frutos e as larvas se alimentam de sementes e da polpa de frutos verdes e pequenos, até frutos grandes e maduros sendo comum encontrar até 12 larvas por fruto. A pupação ocorre em geral no solo. Frutos danificados pela mosca-do-mediterrâneo podem ser aproveitados para produção de páprica, pois não caem das plantas, desde que não contaminados por bactérias. Perdas atribuídas à associação do inseto com a bactéria são estimadas entre 12-18%.

Controle

· Usar armadilhas tipo Jackson com isca de feromônio sexual Trimedilure;
· Utilizar isca tóxica com uma mistura de substância atrativa, como proteína hidrolisada 5% ou melaço 10%, com inseticidas.

Ácaros

Ácaro rajado Tetranyuchus urticae  ácaros vermelhos T. evansi e T. marianae  o ácaro branco Polyphagotarsonemus latus

Os ácaros rajado e vermelholocalizam-se na face inferior dasfolhas que aparecem envolvidas poruma teia branca. Provocam clorosegeneralizada e queda das folhas emorte das plantas. O ácaro-branco localiza-se na parte apical das plantasnos brotos terminais, tornando asfolhas coriáceas, com os bordosrecurvados e de coloração bronzeada.  O ácaro-plano localiza-se nas hastes e folhas mais tenras daplanta que apresentam manchascloróticas e bronzeamento.


Controle


. É feito através da aplicação de acaricidas específicos (ácaros vermelho, rajado e branco) ou enxofre, no caso do ácaro plano.





Fonte: 
Picanço, M. C. Notas de aula BAN 360. Viçosa. UFV. 
Horticularidades
Embrapa
Agrofit

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